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Conectar o Humano

Quando o colaborador integra a organização, entra num mundo primeiramente estranho. Encontra aí uma filosofia funcional própria e, como ele, outros demais, mais ou menos singulares. O colaborador passa, assim, a fazer parte da narrativa organizacional e dele é requerida certa ação, assente em determinadas qualidades. Da apreciação das competências mais fortemente ordenadas pelo atual mercado de trabalho, em veloz transformação, entre investigadores, gestores, empreendedores e organizações especialistas extrai-se um conjunto convergente de habilidades que idealmente cada profissional deverá possuir. Nomeadamente o Fórum Económico Mundial aponta como competências essenciais, já em 2020, a resolução de problemas, o pensamento crítico, a criatividade, a liderança, a coordenação, a inteligência emocional, a tomada de decisão, a orientação para o serviço, a negociação e a flexibilidade cognitiva. Ou seja, rumo a uma Quarta Revolução Industrial, radicalíssima na alteração do modo de trabalhar e de viver, do artifício de fascinantes tecnologias constata-se que, entre as designadas «novas competências», subsistem como mais importantes as que se situam no domínio comportamental. Com efeito, sem desfavor do saber técnico, tradicionalmente sobrevalorizado, recrutadores e empregadores valoram crescentemente competências pessoais e sociais.

Paradoxalmente a um mundo influentemente tecnológico, que intende conectar, que o faz, é certo, subsistem porém desconexões que escapam a tais avanços. Falamos, em concreto, de desconexões humanas, que se reproduzem em três grandes níveis nas relações «Eu-Eu», «Eu-Outro» e «Eu Organização». Um colaborador dissociado, de algum modo fragmentado de si próprio, é um profissional subdesenvolvido. Grupos de colaboradores desligados entre si constituem, semelhantemente, equipas subdesenvolvidas. Por fim, colaboradores e instituições segregados traduzem organizações subdesenvolvidas. Por conseguinte, neste quadro de identidade e alteridade, é precioso que todos sejam capazes de realmente estabelecer relações, que todos, fieis à sua imagem única, reflitam em última instância uma imagem e uma visão comuns, a da organização. Tal exercício somente se torna verdadeiramente possível pelo aprimoramento e pela adequação de perceções, condutas e atitudes. Em suma, pelo desafio da conexão.

 

Somente criando a autêntica conexão a si mesmo, a conexão com aquele que está ao seu lado, a conexão à organização, será possível profissionais e organizações crescerem, uns e outras, de maneira efetivamente sustentável, alinhada, alcançando um franco desenvolvimento.

 

O desempenho profissional e, consequentemente, o desempenho organizacional, alicerçam-se substancialmente em comportamentos, que se pretendem mutuamente harmonizados. Nesta relação vivencial, muitas das vezes abalada pela disrupção, importa primeiramente promover o desenvolvimento pessoal. Importa conectar. Na sua atividade formativa, através de projetos integrados e customizados, a Synergie procura promover, antes de tudo, a autoconsciência e a autodescoberta de cada indivíduo, potenciando qualidades e apoiando a superação de barreiras. O indivíduo que parte ao encontro de si próprio, que se liga a si próprio, é aquele que simultaneamente se autodesenvolve como profissional, que melhor se relaciona com a sua equipa, que melhor poderá assim representar a organização. Somente criando a autêntica conexão a si mesmo, a conexão com aquele que está ao seu lado, a conexão à organização, será possível profissionais e organizações crescerem, uns e outras, de maneira efetivamente sustentável, alinhada, alcançando um franco desenvolvimento.

Neste sentido, o perene desafio da formação é, na sua essência, o desafio do ser humano. Um desafio afinal contínuo, secular, de todos os tempos e implicando tempo. De todos, um enorme desafio. De todos, contudo, o mais produtivo. O nosso desafio.

 

 

Artigo da autoria de Maria Antónia Bastos, Diretora de Formação.